domingo, 25 de março de 2012

Onde voce está?

A zona de conforto é um lugar o qual todos ouvimos falar e geralmente nunca se sabe quando está nela. Acontece que só percebemos que lá estamos quando algo nos faz sair do lugar. Pense em quantas pessoas você conhece e que nunca mudaram um só traço da personalidade, o gosto musical, o sabor da pizza ou que sempre foram solteirões convictos. Alguns são tão engessados que tem todas essas características e até mais. Essas pessoas não sabem como é bom quando algo diferente te acontece ou quando você tem que mudar para se adaptar a uma nova situação ou a uma nova pessoa que entrou na sua vida. Entrar no desconforto é algo que te desafia, que te coloca para frente, que te faz melhorar em todos os sentidos e te faz ser uma pessoa melhor.
Todos deveriam instituir em seus calendários uma data especial para repensar o que foi feito. E, além disso, tentar achar um meio para mudar o que foi feito errado. Às vezes é difícil, mas tentar nunca é demais. Mesmo que não resulte em nada além de frustrações você vai descobrir maneiras de não acertar e isso por si já vale a pena. O que realmente vale é, como dizia Raul Seixas, “não parar na pista”.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Caça ou pique-esconde?

       Certa dia, procurado por uma amiga, esclareci a ela sua situação no contexto das tampas e panelas. Dessa vez, certa conversa com um amigo, também de caráter filosófico-metafórico, motivou-me a escrever esse texto. A intersecção entre o universo masculino e o feminino tem lá seus momentos inusitados. Estávamos em um bar e, entre uma garrafa e outra, o amigo relatou algo comum em seus relacionamentos. Falou-me que facilmente se cansava das mulheres com quem se envolvia.
       Isso é normal, dependendo do tipo de mulheres com as quais ele estava se envolvendo. Afinal, esse sentimento é comum tanto para homens quanto para mulheres. Comparei os dois com uma das garrafas debaixo da mesa: quanto mais vazia, pior. E não há nada mais chato que pessoas vazias, sem conteúdo. Em apenas uma noite você já as conhece completamente e elas se tornam desinteressantes.
       Conversa vai, conversa vem e até que cheguei a uma conclusão. Nós, homens, somos seres brutos e gostamos de coisas brutas e selvagens. Gostamos principalmente de sair à caça. Quando há caças que não nos fazem sair para caçar é como se caçássemos presas com pés amarrados. E se os homens têm que caçar presas amarradas, ela deixa de ser caça e passa a ser pique-esconde. Pique-esconde é muito bom, mas comparado a caçar, é apenas mais uma brincadeira.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Qual o significado da palavra futuro?

        Tenho tendência a tentar avaliar o significado das coisas a partir do meu ponto de vista. Dessa forma, uma das coisas que penso é o seguinte: se as pessoas que criam os significados têm múltiplas facetas, porque as palavras não?
       A palavra futuro é umas das mais complexas. A maioria das pessoas imagina a vida como uma linha reta que vai avançando como em uma música, e que tudo o que vem depois do ponto onde elas estão significa futuro. E da mesma forma que nas canções, tudo o que vier já foi definido em verso e prosa.
       Não há um futuro com significado de fatos futuros e sim de projeções. Fato, como a própria palavra diz, significa algo consumado e quando se trata de futuro, não há fatos. Fatos são inerentes ao passado. Quando se fala de futuro pensa-se em projeções. Essa palavra, sim, tem tudo a ver com o futuro. Quando se faz planos, as pessoas projetam-se numa situação futura para comparar com o presente e o passado.
       O futuro é como a teoria das supercordas na física: para todo ser existente há uma infinidade de possibilidades diferentes. E quando se cruzam as incontáveis possibilidades do meu eu com as outras possibilidades dos outros seres, o futuro em forma de projeção já não pode ser encarado como nada mais que um simples sonho.

sábado, 26 de março de 2011

Porque meu cachorro tem que ser assim?

Acordei hoje cedo, olhei para meu cachorro vira-lata de estimação e vi nele a cara da pobreza. Seu nome é Fidel Castro e ele é fedorento, branco com manchas marrons e gosta de pular. O mais impressionante é que sinto no olhar dele o mesmo carinho de quatro ou cinco anos atrás quando o adotamos. Esse olhar, no entanto, não reproduz de maneira alguma o tratamento que dispensei a ele durante seus três primeiros anos de vida. Deus sabe que ele mereceu aquilo e Ele também que sabe que por diversas vezes exagerei. Não é algo de que me orgulhe e me arrependo muito disso. O Louco, como é chamado carinhosamente por aqui, tem várias manias que fazem jus ao apelido. Não consigo entender porque ele fica tão furioso quando alguém se esconde atrás de uma cadeira. Ele não é muito chegado à ração— vê-se aí sua falta de requinte, tão comum aos vira-latas— assim, quando se depara com azeitonas, cebolas e feijão, ele trata de separá-los calmamente e jogá-los para fora do prato. O pior é quando alguém está comendo algo e então ele senta, e baba, implorando por um pedaço do que quer que seja. Quando enfim consegue o bendito pedaço ele apenas cheira e volta a sentar e babar. É ou não é um cachorro singular?
            Escrevo esse texto um pouco triste, por lembrar-me de como tratei tão mal um sujeito que me trata tão bem, parece que sempre ri e está pronto para mim. Há dez dias escrevi esse texto e ao acordar hoje pela manhã o capô do carro estava completamente arranhado. Retiro tudo de bom que disse desse cão infeliz.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Alguém aí tem bom senso?

           Ontem assisti a uma palestra do Dr. Abcd sobre câncer do intestino. O palestrante era muito conceituado e possuía muitos anos de carreira e um conhecimento e experiência clínica muito grandes. No entanto, não foi isso que me chamou a atenção.
               Não foi o tema, não foi a inteligência e oratória do sujeito e muito menos o andamento da palestra que me fizeram refletir. Normalmente, pessoas mentalmente acertadas e que se preocupam, mesmo que um pouco, com o próximo pensam duas vezes antes de falar coisas e externar seus pensamentos. Na minha noção de beleza, as pessoas admiram outras pessoas, admiram paisagens e boas ações. No entanto, esse Dr. Abcd admirava doenças, de todo o tipo. Falava delas como se fossem maravilhas do mundo moderno. Vibrava e ria discretamente a cada relato de diagnóstico de cânceres raros. Em certo momento ele soltou: “Nunca tive o prazer, a sorte, de me deparar no meu consultório com um câncer de tal tipo”. Essa frase, no mínimo, deveria ser escrita assim: “Graças a Deus nunca tive o desprazer, a infelicidade, de encontrar um paciente com um câncer dessa magnitude”. Tenho a impressão de que esse médico não consegue mais perceber o sofrimento no rosto dos seus pacientes e a angustia dos familiares. Considero um desrespeito ao sofrimento alheio.
               Muitas vezes o médico faz o papel de “mensageiro da morte” e isso merece serenidade e compreensão do ser humano que vão muito além do simples diálogo com o paciente. O bom senso deve ser uma máxima na vida de todos nós.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Para quê esse desespero?


Seis bilhões de pessoas no mundo e todas são física e psicologicamente diferentes umas das outras. E tanta gente assim só podia dar em briga. Mas briga talvez seja motivo para um outro texto. Uma pessoa veio desesperada me dizendo que nunca vai achar a tampa da sua panela. Para que esse desespero? Será que é porque há tanta gente assim nesse planeta que fica ruim de escolher?
No início não consegui fazer a pessoa relaxar. Daí, tive uma idéia fenomenal, então perguntei de cara: “Fulana, você já decidiu se gosta de homens ou mulheres ou dos dois ao mesmo tempo?”. Ela nem pensou muito e ainda bem que não tive muitas surpresas quando ela me respondeu que gostava só de homens. Pois bem, ela já havia reduzido automaticamente 50% das possibilidades restantes. Dei a ela os parabéns e parti para a segunda pergunta: “Fulana, você tem vontade de ir morar fora do Brasil”. Mais uma vez ela foi incisiva e refutou essa hipótese. Dei novamente os parabéns e falei para ela que sua chance de achar alguém aumentou drasticamente. Vi uma inclinação leve em forma de sorriso no seu rosto. Notifiquei-a de que seu grupo de ação é de quase 85 milhões de brasileiros. Enxuguei uma lagrima de seu rosto e fiz a terceira pergunta: “Minha filha, você acha que vai ter sair do Piauí por motivos de saúde, educacionais ou profissionais pelos próximos 10 anos?”. Prontamente ela me disse um grande não. Então dei a ela a grande noticia: “Fulaninha, tem 1 milhão e meio de homens no Piauí!”. Ela compreendeu o raciocínio inicial e quase deu um salto de alegria. Ajudei a contabilizar que dentro dessas contas encontram-se idosos, crianças e os casados. Fulana, que de besta não tem nada, não excluiu totalmente os casados e chegamos à incrível cifra de 400mil candidatos. Ainda complementei que há os considerados, feios, lisos, imbecis e coisas do tipo. Vi um sorriso largo em seu rosto quando eu afirmei com certeza de que sua tampa definitivamente estava aqui no Piauí e que ela começasse a procurar bem direitinho. Ela foi embora satisfeita, como se eu tivesse sido o Freud em pessoa a entrevistá-la no seu consultório. Queira Deus que eu não tenha transformado uma outra “Sandy” em mais uma devassa.
           Depois, pensei comigo mesmo: “Mulheres realmente são seres diferentes, não precisam ouvir muito para serem felizes”. Ela já estava agindo no campo calculado desde que começou a pegar os menininhos do colégio. Bastou fazer as contas para ela realmente saber no que estava se metendo. O bom ouvinte e o bom falante têm de saber quando parar de falar para evitar começar a ouvir demais e vice-versa. Achei melhor não avisá-la de que algumas pessoas são como “cumbucas” de barro, tampas, jamais.

terça-feira, 15 de março de 2011

Preguiçosos? Onde?

Quem não me conhece pensa que sou muito responsável. E eu realmente acho que sou. E muitos dos que me conhecem pensam assim também. Que coisa, não? Mas o que poucos sabem é que minha verdadeira natureza é a alma da preguiça. Se pudesse, não faria nada sobre nada, nunca. O problema é que fazer nada dá muito trabalho.
Imagino que procurar sobre o que pensar o dia todo deve ser muito dispendioso. Acho que por isso tenho uma rotina tão atribulada. Assim não tenho que pensar no que fazer e simplesmente fazer.  Ser responsável entra nessa conjectura da preguiça. Pensem comigo, dá menos trabalho zelar pelo bom andamento das coisas do que ir às assistências técnicas, do que fazer provas de segunda chamada e do que comparecer a audiências para definição de uma pensão alimentícia.
A noção da preguiça fica dualizada dessa forma. Então, se pensarmos da forma tradicional onde os preguiçosos são preguiçosos e o tratarmos como pólo negativo e depois pensarmos na forma conjecturada por mim como pólo positivo eles acabam se anulando e, no fim, somos todos farinha do mesmo saco. E o preconceito sobre os “sem-ação” é derrubado aqui e agora.
È confuso, admito. Mas ,como já dizia Mario Quintana “...E que fique muito mal explicado. Não faço força para ser entendido, quem faz sentido é soldado”.

Por Deodoro Cunha.